segunda-feira, 4 de junho de 2012

#Dica de livros



   Foi no segundo ano do ensino médio que li pela primeira vez, "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Tendo alguns dias até a prova de português, tive de devorar as 190 páginas numa incrível rapidez. Resultado: não entendi nada do que Machado de Assis queria dizer, e ainda achei que ele era um chato que escrevia difícil. "Sou muito mais meus livros de Harry Potter".
   No ano seguinte, a mesma obra era obrigatória no vestibular em que eu prestaria. Tive que ler novamente. "Vai ser chato", pensava. Mas, para o meu espanto, a obra se mostrou extremamente diferente. Com o apoio da professora de português, que lia cada capítulo com a turma, pude acompanhar com calma e descobrir o porquê do autor ser tão considerado na literatura clássica nacional.
   Machado é capaz de fazer uma obra magnífica - reconhecida até pelo diretor Woody Allen - representando a sociedade brasileira de 1880, regida por status, luxo e com uma política fraca. O que não mudou tanto. Além disso, o autor consegue ser divertido com o intuito de todo tempo tirar sarro do leitor. Leitor que em épocas de segundo reinado, era fútil e habituado a passar o tempo com obras românticas doces e fáceis. Dessa forma, o texto apresenta grande carga de intertextualidades e uma escrita mais rebuscada. Tudo isso com o objetivo de desafiar quem lê, ao mesmo tempo em que desenvolve uma obra com conhecimento e cultura.
   Assim, Memórias Póstumas consegue enrolar alguém desatencioso e com baixa carga cultural. Por isso, deve ser lido calmamente e, se possível, com ajuda de alguém que já leu e que entendeu as diversas ideias do escritor. Vale a pena acompanhar a história de vida de Brás Cubas, um defunto autor que narra todos os seus casos amorosos, as vaidades, as felicidades e tristezas da vida.

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